quarta-feira, 27 de julho de 2011

Diarréia é uma defesa do corpo e não deve ser interrompida, dizem médicos

A diarréia é uma defesa do corpo para eliminar vírus, bactérias ou parasitas, seus principais causadores. Junto com esses micro-organismos, saem água, sais minerais e as fezes, que se tornam mais líquidas e frequentes. Por ser um mecanismo para combater invasores, o problema não deve ser interrompido por remédios, e passa sozinho em até duas semanas.

A principal recomendação é tomar muito líquido – como água, água de coco, sucos, chás, isotônicos e o soro de reposição oral (disponível nos postos de saúde) –, manter uma alimentação leve e esperar que a situação passe. Casos mais graves, em que o indivíduo fica sem forças e desnutrido, exigem internação. O paciente também pode apresentar sangue e muco no cocô, náusea, vômito, febre e dor abdominal.

Quem tirou todas as dúvidas sobre o tema no Bem Estar desta quinta-feira (21) foi a pediatra Ana Escobar, ao lado do clínico geral e infectologista Paulo Olzon. Por dia, o Brasil registra mais de 4 mil novos casos de diarréia, que se não tratada da forma correta – com a hidratação do paciente – pode até matar, principalmente as crianças de até 1 ano.

Um gesto simples, como guardar o açucareiro na geladeira para evitar formigas, é capaz de impedir a transmissão, que ocorre de pessoa para pessoa. Outra medida básica é dar descarga com a tampa do vaso sanitário fechada.

Nosso intestino tem, na superfície, uma série de ondinhas (vilosidades) que servem para atrasar o trânsito dos alimentos e favorecer a absorção dos nutrientes. Bactérias, por exemplo, grudam no topo dessas vilosidades, e as substâncias ruins (toxinas) produzidas por elas abrem uma espécie de comporta na parte de baixo da onda, liberando água das células. A água leva embora as toxinas e também os nutrientes, acelerando todo o trânsito intestinal.

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece a menores de 1 ano uma vacina contra um dos vírus causadores da diarreia infecciosa, o rotavírus. Segundo dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), de 2000 a 2009 o país teve 49.573 mortes por diarréia e gastroenterite de origem infecciosa presumível. Foram 5,5 mil óbitos por ano, ou 15 por dia.

A taxa de mortalidade para cada 100 mil habitantes variou, entre 2000 e 2009, de 27,18 para 85,21 em menores de 1 ano; de 2,37 a 4,11 na faixa etária de 1 a 4 anos; de 0,18 a 0,38 na faixa de 5 a 9 anos; e de 1,58 para 2,18 em maiores de 10 anos.

Na região Norte, o índice variou de 2,80 para 3,88; no Nordeste, de 3,53 para 5,89; no Sudeste, de 1,34 para 2,07; no Sul, de 1,21 para 2,30; e no Centro-Oeste, de 1,82 para 3,02.

Sinais clínicos que ajudam a identificar a gravidade:
- Dobrar a pele da barriga (na criança) ou da testa (no idoso): quando a pele demora a voltar, pode ser um sinal de desidratação

- Pressão arterial: pressão abaixo do normal é sinal de desidratação

- Aumento da frequência cardíaca: o sangue circula mais rápido quando há desidratação. Os batimentos sobem de 80 por minuto para 120, por exemplo

- Secura da boca: língua ressecada e sede

- Irrigação sanguínea: apertar a unha, abrir e fechar a mão. Caso o sangue demore a retornar, é sinal de desidratação

- Urina concentrada: cor amarelo escuro

- Olhos fundos: principalmente em crianças

- Prostração, não conseguir fazer atividades normais: sinal de alerta mais importante, necessário ir ao pronto-socorro

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